Você sabia que acidentes domésticos como sufocamento, queimaduras, quedas e intoxicações estão entre as principais causas de lesões em crianças? Para aqueles que acreditam que essas situações só acontecem fora de casa, é importante saber - e jamais esquecer - que os riscos estão em todos os cômodos, inclusive no banheiro. E até mesmo animais de estimação e plantas podem se tornar perigosos para os pequenos.
"Manter os filhos seguros em casa realmente requer alguns cuidados especiais e vigilância constante", adverte a coordenadora de mobilização da ONG Criança Segura, Jaqueline Magalhães. Ela afirma que os riscos variam conforme a faixa etária e o ambiente onde vive o menor. Até um ano de idade, por exemplo, a sufocação é a maior causa de acidentes, pois, nessa faixa etária, o menor tem o hábito de levar tudo à boca - pode ser uma parte do brinquedo que se solta, a tampa do xampu, uma moeda...
Por isso, ao comprar um brinquedo, é fundamental que os pais estejam atentos à faixa etária à qual é destinado. Uma dica interessante é usar o macete recomendado pelo pediatra Aramis Lopes, presidente do departamento científico de segurança da criança da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). "Tudo o que atravessar um rolo de papelão do papel higiênico (3 cm) pode passar pela garganta do bebê. Sendo assim, não deixe, também, brincos, anéis e outros objetos pequenos soltos pela casa", indica.
Além da sufocação, as quedas são outra grande causa de acidente entre menores de um ano. "Quando a criança começa a engatinhar ou a andar, ela pode cair da cama dos pais ou do trocador", ressalta Jaqueline. Mais velhas, elas sobem em móveis e escadas, e o risco aumenta. "Coloque grades ou redes de proteção nas janelas, e instale um portão para impedir que elas subam as escadas", explica.

Tomadas e queimaduras
Comum em crianças até quatro anos, os choques elétricos são provocados pela falta de percepção dos menores do risco de tomadas e fios soltos pela casa. Por isso, tentam introduzir objetos ou o próprio dedo no local e, dessa forma, são atingidos por uma corrente de eletricidade que pode chegar a causar queimaduras onde houver contato com a pele. "A prevenção é simples: basta colocar protetores na tomada", afirma o pediatra Aramis Lopes.

Não se esqueça de manter objetos cortantes fora do alcance das crianças, dentro de gavetas fechadas. O mesmo cuidado deve ser observado com produtos químicos, devido ao risco de envenenamento. "Itens de limpeza, inseticidas e artigos de higiene pessoal devem ficar em locais altos e trancados dentro de armários. Não os guarde em garrafas de plástico, deixe-os na embalagem original", afirma o pediatra. Em caso de ingestão, não caia no erro de provocar vômito na criança ou fazê-la beber leite. "Ao confirmar que ela ingeriu o produto, leve-a imediatamente a um serviço de emergência médica. Lembre-se de levar a embalagem do produto, porque ela contém as instruções quanto aos riscos de intoxicação", ressalta.
Móveis e banheiros
Quinas de mesa ou de armário podem provocar cortes ou outros machucados nos pequenos. "Para evitar essas situações, basta comprar protetores de borracha para essas extremidades", sugere Jaqueline. Mesas de centro também são perigosas, visto que as crianças podem cair sobre elas e se cortar com os pedaços de vidro. Portanto, evite-as.Um cômodo que pouco é lembrado quando se fala em acidentes domésticos é o banheiro. No entanto, ele requer alguns cuidados especiais. "Deixe a tampa do vaso sanitário fechada, para que a criança não consiga abrir. Isso evita afogamentos", afirma a coordenadora da ONG Criança Segura.
Plantas e animais
Embora ajudem a dar um ar mais fresco à casa, algumas plantas ornamentais podem causar intoxicação à criança, como no caso da Comigo-Ninguém-Pode e do Copo-De-Leite. "Antes de adquirir uma, procure na internet saber a toxicologia da espécie", afirma Aramis.E por mais que os animais sejam bons companheiros para os pequenos, é preciso lembrar que podem ter reações inesperadas. "Eles podem se irritar com uma brincadeira e atacar a criança. Além disso, o menor pode desenvolver alergia pela convivência com o cachorro ou o gato", adverte o especialista.